segunda-feira, 30 de junho de 2014

::: Centenário Mãe Biu do XAMBÁ




29 de Junho de 2014


Filha de Ogum, Severina Paraíso da Silva (Mãe Biu) nasceu em 29 de junho 1914. Filha consanguínea de José Francelino do Paraíso, casado com Maria do Carmo Paraíso, que fora sua madrasta, foi iniciada por Artur Rosendo Maria Oyá, nos ritos da Nação Xambá em 1934. Responsável pela sobrevivência da tradição em mais de uma década de repressão policial contra as religiões de matriz africana em Pernambuco, Mãe Biu dirigiu por 40 anos a casa que é hoje considerada a única da Nação nas Américas. 

  ANCESTRALIDADE  
A tradição religiosa parte de uma área de fronteira entre Camarões e Nigéria, chegando ao Brasil em 1923. Com a repressão policial e o falecimento de Maria Oyá, yalorixá e matriarca da Nação, a família Xambá se dispersou em 1939 e só se reencontrou quando Mãe Biu reabriu seu terreiro em Santa Clara, no Recife.

 “Foram tempos difíceis. Só nos restabelecemos de fato em 1950 quando migramos para Olinda”, conta Guitinho de Xambá, sobrinho-neto de Mãe Biu, esclarecendo a estruturação do Quilombo Portão do Gelo que passou a existir em função do Terreiro e foi certificado pela Fundação Cultural Palmares em 2006. O rapaz destaca Mãe Biu como figura central da Nação Xambá no país.

“Foi ela quem conseguiu reunir a família e a reorganizá-la em seus princípios e valores ético, moral e espiritual”, enfatiza. Guitinho ressalta ainda, o fato de a comunidade sempre ter sido liderada por mulheres. Tal respeito é continuado de tal modo que, desde o falecimento da yalorixá, seu trono permanece a espera de uma sucessora, uma nova Iansã, à sua altura.

  TRADICIONALIDADE  
Dona de uma personalidade forte, negra, mãe de quatro filhos. Era esse o perfil da grande Ialorixá que enfrentou os obstáculos de uma época em que o país foi marcado pela repressão. Um de seus filhos, Adeildo Paraíso da Silva ou Pai Ivo de Xambá, assumiu em 2003 a direção do Terreiro – 10 anos após o falecimento de sua mãe – com a responsabilidade de preservar o Culto aos orixás. Ele se recorda de Mãe Biu como uma mulher amável e dedicada na transmissão dos conhecimentos tradicionais. 

“Ela era muito evoluída e foi quem empoderou a Nação. Sem ela, a tradição Xambá não teria resistido no Brasil”, explicou. Sempre preocupada com a consciência negra e com a continuidade dos saberes, apesar de analfabeta Mãe Biu garantiu que os ritos e tradições fossem registrados pela escrita, por veículos impressos de comunicação e por cerca de 800 fotografias. 

  HERANÇA    
Hoje Severina Paraíso da Silva é o nome da Rua que deu origem à comunidade de Portão do Gelo, o primeiro quilombo urbano de Pernambuco. De acordo com Ivo do Xambá, a conquista garantiu reconhecimento e benefícios aos moradores do bairro que vive em função do Terreiro. O dia-a-dia no quilombo é baseado no respeito às tradições, à família e aos mais velhos de modo que os conhecimentos são transmitidos de geração para geração. 

As fotografias, roupas e peças ritualísticas deixadas pelos ancestrais da Xambá contemporânea compõem o acervo do Memorial Severina Paraíso da Silva. O espaço fica na casa onde foi aberto originalmente o Terreiro e mantém importante patrimônio material e imaterial etnológico. Um legado aos adeptos e seguidores do Candomblé da Nação.Todos os anos, na data em que todo o país rende homenagens à São Pedro, seguindo o calendário católico, o Quilombo Portão do Gelo, sem desrespeitar ao santo, volta sua celebração com muita festividade à ancestralidade africana e às vitórias da Nação em mais um ano de resistência.



Fonte:
* Imagem - Fundação Palmares.org



terça-feira, 17 de junho de 2014

::: MUSEU AFRO BRASIL / SP




Museu Afro Brasil celebrará o dia Internacional da África com duas novas exposições. No ano em que comemora seus dez anos de fundação, o Museu Afro Brasil, Instituição da Secretaria de Estado da Cultura, celebrará também o Dia Internacional da África com duas novas exposições: "Objetos simbólicos - Casa do Patrimônio de Porto Novo, Benin" e "Espírito da África - Os Reis Africanos". 
As duas mostras estreiam no dia 22 de maio, às 19h. Ambas permanecerão em cartaz até 3 de agosto de 2014. 

"São muitos os reinos descobertos nesta expansão dos portugueses pelas ilhas atlânticas e do Continente Africano. Com uma organização política, social e religiosa, esses soberanos negociaram e trocaram correspondências com os reis portugueses e até se batizaram para receber, não só a bênção cristã, mas a proteção de suas majestades", conta o diretor-curador do Museu Afro Brasil, Emanoel Araujo.

A exposição "Espírito da África – Os Reis Africanos", do fotógrafo Alfred Weidinger, traz retratos de reis e chefes contemporâneos de diversas partes do continente africano e oferece um diálogo com obras do acervo do Museu Afro Brasil. Estatuetas dos Camarões cobertas por miçangas, presentes na exposição de longa duração do museu, podem ser relacionadas às insígnias de poder (do mesmo material) que acompanham o rei de Babungo, dos Camarões, fotografado por Weidinger. O guarda-sol multicolorido dos povos fon do Benin, com símbolos de poder bordados, também pode ser visto num retrato do rei de Dassa, do mesmo país. "A exposição do fotógrafo austríaco Alfred Weidinger tem um grande significado para a história e a memória ancestral, já que esses líderes tribais não têm mais poder político, mas na sua essência decorativa são conselheiros, lembrando a memória de uma África perversamente desfeita pelas novas divisões territoriais, que uniram diferentes etnias", afirma o curador Emanoel Araujo. 

Por sua vez, a exposição "Objetos simbólicos - Casa do Patrimônio de Porto Novo, Benin" reúne moedas africanas, objetos litúrgicos e roupas de Obás (título honorífico das realezas iorubanas), da coleção da Casa do Patrimônio de Porto Novo, no Benin. Além de apresentar uma faceta da cultura material da África pouco conhecida do grande público, revela uma sofisticada rede de trocas comerciais entre diferentes povos africanos e um conhecimento técnico da metalurgia desde antiguidade. De variados tamanhos, formas e materiais, como o bronze, o cobre e o ferro, as moedas africanas, além de terem sido usadas para pagamentos e trocas, eram objetos de prestígio e símbolos de um reconhecimento social de seu portador. 

Exposições: 
- "Espírito da África - Os Reis Africanos" 
- "Objetos simbólicos - Casa do Patrimônio de Porto Novo, Benin" Abertura em 22 de maio, às 19h.
Encerramento: 3 de agosto 2014

Museu Afro Brasil - Organização Social de Cultura
Av. Pedro Álvares Cabral, s/n - Parque Ibirapuera - Portão 10
São Paulo / SP - 04094 050
Fone: 55 11 3320-8900
Entrada gratuita

www.museuafrobrasil.org.br
O funcionamento do museu é de terça-feira a domingo, das 10 às 17hs,
Com permanência até às 18hs. Na última quinta-feira de cada mês, o horário de funcionamento será estendido até às 21hs, para atendimento noturno ao público visitante.

Informações para a imprensa – Museu Afro Brasil
* Gabriel Cruz – (11) 3320-8940 – gabriel.cruz @museuafrobrasil.org.br
Flavio Costa - flavio@museuafrobrasil.org.br
*Jamille Menezes – (11) 2627 8243 – jmferreira@sp.gov.br


Fonte: 
* MUSEU AFRO BRASIL - http://www.museuafrobrasil.org.br